Escapadinha desde Roma: Assis, Cività di Bagnoregio e Orvieto na Úmbria

Visita a Umbria

Descobre Assis, Cività di Bagnoregio e Orvieto, três jóias italianas numa escapadinha desde Roma. Prometemos um roteiro de um dia pela Úmbria com paisagens inesquecíveis.

Se estiveres em Roma e te apetecer uma escapadinha que combine natureza, espiritualidade e beleza medieval, este é o roteiro ideal. O La Vida es Mara partiu à descoberta de três jóias da Úmbria e dos seus arredores: Assis, Cività di Bagnoregio (que fica em Lazio, mas na extremidade com a Úmbria) e Orvieto. Em menos de duas horas desde a capital italiana, entras numa Itália mais tranquila, cheia de colinas verdes, vilas fortificadas e catedrais com séculos de história.

Assis: espiritualidade, arte e ruínas romanas

A primeira paragem do dia foi Assis, uma cidade que vive em harmonia entre o sagrado e o antigo. Aqui nasceu São Francisco (1181/82–1226), fundador da Ordem Franciscana, e Santa Clara (1194–1253), fundadora das Clarissas. Ambos marcaram a história da espiritualidade cristã e deram origem a uma herança arquitetónica impressionante. As três grandes basílicas de Assis que deverás visitar são:

Basílica de São Francisco: iniciada em 1228, logo após a canonização do santo, esta igreja é composta por duas partes sobrepostas. A inferior, mais intimista, guarda o túmulo de Francisco. A superior deslumbra com frescos de Giotto e Cimabue que narram episódios da vida do santo e representam um dos primeiros passos do Renascimento.
Basílica de Santa Clara: construída entre 1257 e 1265, guarda o corpo da santa e o famoso crucifixo que “falou” com Francisco. A sua simplicidade românica contrasta com o poder espiritual do espaço.
Catedral de São Rufino: com fachada românica do século XII, esta catedral viu os batismos de Francisco e Clara. É menos visitada, mas profundamente significativa.

Templo de Minerva: um salto até à Roma Antiga

Mesmo no centro histórico, na Piazza del Comune, surpreende-te o impressionante Templo de Minerva, com a sua fachada perfeitamente preservada desde o século I a.C.. Apesar do nome, há quem defenda que teria sido originalmente dedicado a Hércules, mas o facto de terem encontrado uma estátua feminina levou à designação atual. Este foi o primeiro monumento clássico que Goethe viu intacto durante a sua viagem a Itália, em 1786, e escreveu maravilhado sobre ele. Com seis colunas coríntias assentes diretamente numa escadaria monumental, é fácil perceber porquê.

Durante os séculos, o templo teve muitas vidas: foi prisão, habitação, loja, sede política e, no final da Idade Média, transformou-se numa igreja chamada Santa Maria sopra Minerva. Em 1634, foi remodelado com uma estética barroca e dedicada a São Filipe Néri. Hoje, a visita ao interior é gratuita.

Além da igreja, é possível subir à famosa torre do Palazzo del Capitano del Popolo, mesmo ao lado do templo, e que te permitirá ter uma vista panorâmica impressionante sobre a cidade. A vista sobre os telhados cor de mel, os campos verdes e o horizonte da Úmbria é um pequeno tesouro escondido para quem gosta de miradouros silenciosos e panoramas medievais.

Gostas da Itália? No La Vida es Mara vais encontrar vários artigos sobre o bel Paese. Numa das nossas últimas viagens fomos até ao Lago di Garda.

Cività di Bagnoregio: A cidade que morre

A nossa segunda paragem levou-nos a Civita di Bagnoregio, uma aldeia encantadora situada no Lázio, junto à fronteira com a Úmbria. Fundada pelos Etruscos há mais de 2.500 anos, Civita ergue-se num planalto de tufo vulcânico encaixado entre dois vales — uma posição que em tempos oferecia proteção natural, mas que hoje representa a sua maior fragilidade. A erosão do solo, composto por tufo e argila, aliada a frequentes sismos — especialmente o devastador de 1695 — provocou o colapso de partes inteiras do centro histórico. É por isso que é conhecida como “a cidade que morre”.

O acesso à aldeia faz-se apenas a pé, através de uma ponte panorâmica suspensa que liga Civita ao mundo moderno — um percurso de cortar a respiração, especialmente em dias ventosos. Depois de entrares pela Porta Santa Maria, a única que resta das cinco originais, mergulhas num emaranhado de ruelas medievais, casas em pedra com varandas floridas e pequenas praças silenciosas. Entre os locais mais emblemáticos estão a Igreja de São Donato, que domina a praça principal, e o Museu Geológico e dos Deslizamentos, instalado no Palazzo Alemanni, onde se pode conhecer melhor a geologia frágil da região.

Civita tem hoje pouquíssimos residentes permanentes, mas a sua atmosfera suspensa no tempo torna-a um verdadeiro museu a céu aberto. É também uma fonte de inspiração para artistas e cineastas: o mestre japonês Hayao Miyazaki declarou que Civita influenciou a criação do mundo flutuante do seu célebre filme “Laputa – O Castelo no Céu” (1986). Apesar dos desafios ambientais constantes, Civita di Bagnoregio continua a encantar e a emocionar quem a visita, oferecendo uma experiência única onde história, natureza e imaginação se entrelaçam de forma extraordinária.

Orvieto – A catedral dourada sobre a rocha

Terminámos o dia em Orvieto, uma cidade construída sobre uma impressionante escarpa de tufo vulcânico. Fundada pelos Etruscos, foi depois romanizada e tornou-se um bastião estratégico na Idade Média.

O grande destaque é o Duomo de Orvieto, cuja construção começou em 1290, por ordem do Papa Nicolau IV, para celebrar e guardar um milagre eucarístico ocorrido em Bolsena (a poucos quilómetros). A fachada da catedral é um dos grandes ícones do gótico italiano:

– Decorada com mosaicos dourados, esculturas detalhadas e vitrais coloridos, brilha ao pôr do sol. 
– No interior, a Capela de São Brízio é um tesouro da arte renascentista, com frescos apocalípticos pintados por Luca Signorelli entre 1499 e 1502, que mais tarde inspiraram Michelangelo na Capela Sistina.

Orvieto é também conhecida pelo seu poço de São Patrício, uma obra-prima de engenharia com duas escadas helicoidais construídas em 1527 para garantir água em caso de cerco.

Razões para visitar a Úmbria

Para além destas vilas pitorescas, há mais razões para visitar a Úmbria. Esta região é muitas vezes chamada de “coração verde de Itália” graças às suas paisagens de colinas ondulantes, vinhas, bosques e olivais centenários. É o destino ideal para quem procura uma Itália mais autêntica e tranquila, longe das multidões turísticas. Aqui, a ligação à terra e à natureza mantém-se viva, seja através dos trilhos de caminhada que atravessam o campo, seja na forma como os habitantes vivem o dia a dia, com um ritmo mais lento e genuíno.

Além disso, a Úmbria é um paraíso para os amantes de gastronomia. Queijos artesanais, enchidos curados, trufas negras, azeite virgem extra e vinhos como o Sagrantino di Montefalco são apenas algumas das delícias que te esperam. Muitas aldeias organizam festas tradicionais e mercados onde podes provar produtos locais e conhecer o verdadeiro espírito desta região. Visitar a Úmbria é, no fundo, entrar numa Itália que sabe preservar a sua essência — e partilhá-la com quem chega de coração aberto. Temos a certeza que vamos voltar aqui.

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